Depoimentos

Consideramos oportuno abrirmos espaço para depoimentos.

 

Ao meu pai – (Marcia Maria Renó Cintra 7ª filha)

“Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós!”  (Emanuel por Chico Xavier)

Hoje, meu pai, sou eu quem lhe agradece com respeito, admiração e gratidão. Meu orgulho!  E a você também, minha mãe Anna, minha eterna gratidão. Uma mulher de coração amoroso, colo macio e protetor mas, sobretudo, de muita fibra. Uma verdadeira matriarca que soube conduzir sua família com muita garra e sobriedade. Sem as suas presenças em nossas vidas, nada disso seria possível. É nos pequenos detalhes que descobrimos o valor de uma pessoa, modelos de caráter bem formado, transmitido pelos seus pais.

Este é um momento especial para mim, pois tive a honra e a responsabilidade de acompanhar  este trabalho, da sua concepção até a finalização. Era um sonho que já vinha sendo gestado ao longo do tempo… Isso me possibilitou o entendimento do que é um acervo pessoal e conhecer os cuidados necessários para a preservação dos documentos como fonte de pesquisa e resgate da memória familiar.

Foi uma experiência  marcante, recheada de surpresas, ensinamentos e fortes emoções. Um mergulho no tempo permitiu-me conhecer um  outro lado seu.  Folheando os caprichados cadernos do curso primário, lendo seus  poemas e cartas, fui  imbuída do sentimento de pertencimento, e assim pude ressignificar a minha história  em um contexto da ancestralidade.

Guardar e reunir  documentos era uma prática comum a você, reflexo das atividades cotidianas, políticas, sociais, culturais  e profissionais  que desenvolvia  e também da sua personalidade atuante, organizado e dedicado. Um homem voltado ao estudo e a leitura – um intelectual.   

Algumas preciosidades permanecem no Acervo Familiar, como a máquina de escrever que você usava, muitas vezes até altas horas da noite, respondendo correspondências de seus amigos e correligionários. Sua farda de gala do tempo do Exército, cartas, seus livros mais preciosos e outras peças de grande valor afetivo. Uma das relíquias é o “Diccionário dos Synonymos”, de 1874, que recebeu de seu pai, Ludgero Pereira Cintra, como lembrança de seu avô, José Pereira de Souza Rosa, que inspirou-o  a escrever o poema “O DICIONÁRIO.

Entender  o fluxo da vida que vem dos primórdios, passando de geração em geração, até chegar a nós, dentro do princípio da transmissão dos legados,  permite-me  brindar  este momento. Deixo minha colaboração, minha vivência, às gerações futuras. Que cada geração aproprie-se deste movimento que segue seu fluxo, ajuda a dar sentido à nossa existência e, que testemunhem com esperança um mundo mais justo, aquele pelo qual, meu pai, você tanto lutou!

Meus agradecimentos aos meus irmãos. O apoio de cada um  foi fundamental para a execução deste projeto. Veio do mano Kleper a ideia da criação do site como ferramenta para a disponibilização dos documentos e preservação da memória familiar.  À amiga Fátima Mayrink pela colaboração para a finalização deste trabalho. À equipe de profissionais que fizeram este site acontecer. Gratidão a Deus que nos capacitou e permitiu a concretização deste projeto. E a todos que contribuíram para o sucesso desta empreitada. Sei, meu pai, que a  todo momento, durante o desenvolvimento deste trabalho, você me intuiu. Gratidão!

 

Maria Inez Cintra Carvalho Leite,  6ª filha

Papai só tenho a agradecer a você pela paternidade. És meu orgulho pela vida política que praticardes.                  

(MARIA INEZ CINTRA CARVALHO LEITE 2015)

     

Euclides e eu – (Ademir Carvalho Leite Júnior, neto e filho de Maria Inez)
O barulho da porta da área de serviço era inconfundível. Sextas-feiras, por volta de 13h, não poderia ser outra pessoa a adentrar no apartamento. Logo veria ele surgir pela cozinha e me estender os braços  para um caloroso abraço.

Nasci e cresci em São Paulo tendo mãe mineira. Sempre que minha família podia, eu, meus pais e irmãos íamos visitar nossos parentes do lado materno em Belo Horizonte. Ficávamos na casa de meus avós, e podíamos, nessas datas, aproveitar a convivência com tios, primos, minha avó e meu avô Euclides.

Eram poucas as nossas idas a BH e a movimentação da casa cheia de gente e a agenda atribulada de meu avô dificultava uma grande proximidade com ele. Apesar disso, a figura daquele homem sério e cheio de responsabilidades me enchia de admiração.

Quando ingressei na Faculdade de Medicina de Itajubá pude ficar por alguns anos em um modesto apartamento que meu avô mantinha na cidade para suas visitas a familiares e cuidados com um pequeno sítio que tinha por lá. Uma vez por mês ele passava um final de semana em Itajubá. Foi nessa época que pude desvelar meu avô de fato e conhece-lo melhor.

Aquele homem sério, compenetrado e imensamente responsável era também doce e amável. Incrivelmente divertido. Um educador nato. Sua experiência de vida pautava todos os conselhos que me dirigia. Exigente, sempre me perguntava sobre meu desempenho na faculdade. Esperava de mim sempre o melhor me sugerindo estudar muito e manter a disciplina sempre.  

Passeamos inúmeras vezes pelo Mercado Municipal de Itajubá. Saíamos para comer pizza. Víamos ao Jornal Nacional juntos e comentávamos praticamente todas as notícias. Falávamos sobre futebol, sobre o seu Galão da Massa e sobre o meu Tricolor Paulista.

Companhia agradabilíssima, humano. Dava atenção a todos, sem distinção. Encantava com sua simplicidade. Seu rosto era marcado por um sorriso pequeno e sempre sincero. Aprendi muito com ele naqueles anos.

Quem sabe tive a oportunidade ímpar de experimentar uma das melhores partes dele. A de um avô exercendo o seu papel de avô. Dessa convivência ficam as lembranças, os ensinamentos, o exemplo e a saudades. Uma grande saudade. Quando fecho meus olhos ainda consigo me lembrar do barulho da chave na porta da área de serviço, do sorriso afável de meu avô ao me ver na cozinha e daquele abraço carinhoso com tapinhas nas costas.

 

EUCLIDES PEREIRA CINTRA por seus amigos e correligionários             

As histórias de sucesso não acontecem por acaso. São construídas com coragem, disciplina, honestidade, competência e visão.  Ao determinar onde  se quer chegar, é possível planejar cada ação para conseguir alcançar o objetivo.

Que  este site seja uma celebração da vida. Ao navegar por suas páginas, você fará uma viagem no tempo até os idos de 1926 e conhecerá um passado díspar dos dias atuais.

Um tempo em que os valores éticos,  morais e sociais, primordiais para a formação do comportamento humano eram transmitidos para as pessoas nos seus primeiros anos de vida, por meio do convívio familiar e faziam parte da educação. Pois somente dessa forma, conseguir-se-á formar adultos com referenciais de cidadania e de respeito.

Cintra fez-se  pelo próprio esforço. Um homem de caráter bem formado,  educado e de grande visão política. A verdade, a dedicação e o trabalho perseverante foram seu pedestal.  Seu  objetivo sempre foi o bem estar da coletividade.

Seguem algumas citações retiradas de panfletos eleitorais e manifestos produzidos pelo diretório do PTB, amigos e correligionários, em apoio à reeleição de Euclides Cintra como Deputado Estadual.

“Projetou-se graças à sua vontade férrea de vencer, ao seu idealismo invulgar, aos seus princípios de solidariedade humana e ao acendrado amor à Pátria, ao povo e aos trabalhadores, seus grandes e inseparáveis amigos.”

“Ingressou na política por ter encontrado nos postulados do PTB, a essência do que sempre julgou ser uma necessidade para a paz e o equilíbrio entre os homens.”

“Não teve a sombra protetora dos grandes chefes políticos, por isso se tem mantido sempre independente, isolado dos conchavos que possam comprometer sua linha política, seu ideal puro e seu compromisso com o povo e os trabalhadores.”

“Suas reeleições sempre se deram à realidade incontestável de suas grandes realizações.”

“Tanto dos seus amigos quanto dos seus correligionários recebia elogios como um político de grande prestígio, dinâmico e honesto nas suas atitudes.  Atencioso, dedicado e sincero para com todos que o procuravam pessoalmente ou por cartas; intransigente na defesa dos interesses do povo e do Estado; leal e honesto em todos os seus atos, e, sobretudo extremamente dedicado aos correligionários e aos municípios de sua extensa região eleitoral. Respondia a todos os pedidos que recebia.”  

Ao longo de sua vida política, administrativa e empresarial, Cintra encontrou  adversários, sofreu derrotas e críticas. Enfrentou muitos desafios com dignidade e fé inabalável, mas sobretudo, colheu muitas vitórias voltadas para o interesse e a felicidade do povo.

 

(Wagner, José Fernando e Paulo, sobrinhos e filhos de Laudelina Cintra, irmã de Euclides)

Queridos primos,

Gostaria de prestar uma homenagem, em meu nome e em nome de meus irmãos, ao nosso tio, saudoso, Euclides. Infelizmente não pudemos fazê-lo enquanto o tio ainda estava vivo mas, antes tarde do que nunca. Quando somos jovens, nossos espíritos e nossas atenções estão focados em outras coisas e não temos grande percepção das pessoas e do que elas representaram, representam e representarão em nossa própria existência.

Assim foi comigo e creio que, também, com meus irmãos. Apesar de nossa mãe, Laudelina, sempre nos falar do tio Euclides, com orgulho, gratidão e carinho, pouco pudemos conviver com ele e a sua modéstia não nos permitiu ter conhecimentos de seus afazeres e labores em nosso favor.

Confesso que fiquei surpreendido e emocionado com a leitura da sua biografia, magistralmente escrita pelo seu neto Ademir, especialmente quando tivemos contato com a informação de que o tio Euclides prescindiu de seus estudos para que a tia Cida e a mamãe pudessem estudar.

Sei da importância do tio Euclides em colocar a minha mãe e meu pai no Estado, um como professora e outro como veterinário, não negando que tiveram seu méritos mas que foi por causa de sua indicação, como grande deputado que era, que permitiu a eles nos dar educação, cuidar de nossa saúde e nos manter com dignidade.

Na nossa juventude íamos muito a Brasópolis, Itajubá, Paraisópolis, Luminosa e arredores e sempre nos apresentávamos, com orgulho indizível, como “sobrinhos do deputado Cintra”, o deputado daquela vasta região! Quantas portas se abriram e quantas vezes nossos conceitos e avaliações eram, à partir dessa apresentação, olhados com olhos de graça e de benevolência e, quanto nos orgulhávamos disso.

Sempre tivemos o tio Euclides como o “cabeça da família” e, confesso, gostaria muito de tê-lo imitado. Sei que toda a família, os poucos irmãos que restam, meus tios, sobrinhos, primos e especialmente vocês, os filhos, são, igualmente orgulhosos da descendência e parentesco com o modesto deputado Cintra.

Digo MODESTO não como sinônimo de um homem possuidor de parcos recursos e sim como sinônimo daquele que não se apresentava cingido de orgulho. Orgulho este que precede toda a ruína e, por isso, foi em toda a sua vida um vencedor e contribuiu para que os seus, isto é, toda a sua família, igualmente, fosse vencedora na vida.

Temos orgulho de sermos CINTRA, por causa do tio Euclides, que interviu e influiu na história de nossa família, de nossa região, de nosso Estado, deixando uma história de vida digna de toda exaltação!  É uma pena que o tempo passou e não pudemos e não podemos mais desfrutar de sua presença física mas, podemos perceber, sempre, em nossos caminhos o seus exemplos e feitos.

Agradecemos a Deus por termos tido o privilégio de sermos sobrinhos do tio Euclides Cintra.

Um abraço à toda a família!

Minas Gerais, julho de 2016